
Eu nasci e vivi a maior parte da minha vida na cidade de São Paulo. Aos 22 me mudei pra Santa Catarina e quando cheguei lá, me impressionou ver aquelas casas com quintal e muito espaço. Acho que qualquer paulistano poderia chegar lá e pensar como eu: "Esse povo aqui tem dinheiro!" Algum tempo depois eu percebi que a questão não era dinheiro, estava mais pra uma questão técnica, como em São Paulo a concentração de pessoas é muito grande, logo falta espaço.
Recordo-me claramente quando minha família mudou-se para o bairro do Tatuapé, na Zona Leste da capital e como naquela época tantos prédios estavam sendo construídos. Hoje, quase duas décadas depois, encontrar casa pros lados daquele bairro é coisa rara. Aos poucos a cidade foi se tornando sem horizonte.
Depois de dois anos morando no sul, voltei pra SP e o que aconteceu foi muito simples: não dava mais, desacostumei! Descobri que não queria pra mim aquela vida corrida, de levar 2horas pra chegar em qualquer lugar ... algum tempo depois saí novamente de casa, mudei de emprego, mudei de cidade, mudei de vida.
Sabe aquela coisa de "Eu sempre quis morar na praia"? Então, era algo que eu tinha comigo desde criança e foi assim que vim parar na Baixada Santista, litoral sul de Sampa. Se por um lado foi sofrível por eu estar acostumada com os serviços encontrados em São Paulo (mercado, padaria, lojas ... tudo muito disponível em qualquer horário e ótimo atendimento) por outro lado foi um alívio perceber que aqui, em qualquer lugar, minha bicicleta era bem-vinda. Aliás, acho que todo o mundo aqui tem bicicleta em casa e costuma utilizá-la (nem que seja pra ir até a praia). A realidade é que as cidades são planejadas pensando no ciclista e aqui é muito simples cruzar cidades inteiras em cima da bike. Além disso, o clima e a geografia plana ajudam muito.
Quando chega a temporada de verão e a cidade fica lotada de gente, não tem meio de transporte mais eficaz do que a bike, nem mais econômica. Todos os dias, milhares de pessoas gratuitamente atravessam de balsa para Santos-Guarujá montados em suas bicicletas. Motoqueiros pagam poucos mais de R$ 4,00, já os motoristas em carros desembolsam mais de R$ 8,00 e chegam a aguardar mais de uma hora e meia pela travessia (de bike leva em média 20 minutos).

Hoje em dia tenho contato com muitos ciclistas, seja ciclista eventual, de final de semana e aqueles que como eu utilizam a bike como meio de transporte. Também conheci alguns cicloativistas e reconheço o excelente trabalho de conscientização feito por muitos. Poderia citar inúmeros motivos pra qualquer pessoa começar a utilizar a bicicleta, citar os benefícios, como o planeta agradece quando deixamos de poluir, etc etc ... mas a verdade, caros amigos é que o que me faz (e a muitos que vejo por aí) sair pedalando pra onde quer que forem é algo muito simples: a gente adora!! E é esse o maior motivo que me leva a incentivar o ciclismo: para mim é uma delícia pedalar, sentir o vento no rosto, conhecer lugares, pessoas, aquela sensação da perna queimando depois de uma boa subida ... e essa alegria que sinto é que me motiva a compartilhar. Então se você tá com pressa, estressado, quer sair do marasmo? Vá de bike!!
3 comentários:
ontem foi bacana dia mundial sem carro
bacana o post
Eu morava numa cidade pequena e entendo bem o que é morar numa cidade onde podemos andar de bicicleta tranquilamente.
Hoje moro em uma cidade beeeem maior, vejo como é difícil ter que depender de carro para ir num supermercado. :(
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